terça-feira, 22 de junho de 2010

Crônica Chances

O Último Dia

Paulinho Moska

Meu amor
O que você faria se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria

Ia manter sua agenda
De almoço, hora, apatia
Ou esperar os seus amigos
Na sua sala vazia

Composição: Paulinho Moska e Billy Brandão

Olhando para trás, para o que me aconteceu, relembro dias de pura felicidade que vivi graças à minha coragem, ou teimosia, ou a não ter dado ouvidos aos conselhos que ouvi...

Eu sei que esta é uma afirmação que pode gerar desconforto aos acomodados e aos que se julgam equilibrados. Vou explicar melhor:

Antes do meu acidente, alguns de vocês devem lembrar, eu não me incomodava em sair por aí sozinha com uma mochila nas costas para onde quer que fosse, ou de pilotar sozinha minha moto pelos quinze quilômetros que separam Arapiraca do Bom Nome a qualquer hora, com tempo firme ou com chuva, sem medo e sem esperar por ninguém.

Estas atitudes permitiram que eu tivesse vivido momentos de liberdade e alegria indescritíveis, e que hoje, devido a toda a limitação física que me foi imposta pelas seqüelas do TCE, hoje eu não poderia mais sentir, ao menos por enquanto, então eu penso em quanto arrependimento eu carregaria hoje se por qualquer razão naquela época eu tivesse deixado de seguir em frente em algum destes momentos, eu hoje lamentaria as chances perdidas. Mas, felizmente, eu sempre fui corajosa e aceitei os desafios que apareceram, como naquele fim-de-semana em que minha amiga Vanessa me convidou pra ir a uma reunião da família dela no Miaí de Baixo e eu, que além dela não conhecia mais ninguém na casa, havia ido na véspera da viagem a Garanhuns pra um show do Biquini Cavadão, banda que gosto muito, cheguei de manhãzinha de Garanhuns, vim pra Arapiraca, peguei o ônibus pra o Miaí sozinha e fui ao encontro da minha amiga na praia, vivi um dos fins-de-semana mais divertidos da minha vida daquela vez. Aí me pergunto, e se eu tivesse desistido do show ou da praia porque me diziam que era perigoso viajar sozinha, ou porque tivesse medo de me cansar demais, ou por qualquer outro motivo que alguém possa racionalizar nesta situação, hoje não teria as lembranças daques dias felizes e dificilmente teria outra chance igual àquela.

Vocês devem estar se perguntando o que a Mônica quer dizer afinal com toda esta história?

Eu quero alertá-los. Se vocês têm sonhos, se têm chances de realizá-los, por que não?

Por que esperar por um amanhã que é tão incerto?

Não dá pra prever em que condição estaremos amanhã.

Não dá pra saber qual chance nossa é a última.

Espero que esta pequena história os faça pensar nas oportunidades que vocês podem estar deixando passar de serem felizes, para que vocês não as percam.

Aguardo notícias, sempre cheia de saudades, sempre querendo um pouco mais.

Mônica