quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Sobre a faculdade em início de ano letivo

Crônica da Mônica, 09 de Fevereiro de 2004

E ARIBOBA!!!!
As aulas na FUNESA voltaram, estamos aí com o mesmo ânimo baixo, a mesma vontade de não fazer nada e com um apetite nunca registrado na história. Tomando sorvetes de dois andares... e coca-cola até quase se afogar.
Nos últimos dias o que temos visto é um passear de cabeças raspadas e band-aids nas sobrancelhas (a maioria verde, será que é moda ou as farmácias não têm outras cores?) Os feras estão cá fera nos corredores, pátio e praças da faculdade. Tudo cheio o tempo todo. No Alemão o pessoal se junta pra conversar, comer, assistir a novela das oito e um pedacinho do big brother. No Divino Chopp toda noite tem fila dupla na rua, mesas cheias no bar e muita cerveja nas canecas (hum, delícia!). Amigos se reencontram, o pessoal de Química sempre na pracinha da frente, os de Geografia na do meio, os de Matemática na de perto do Alemão. A FAJEAL continua pródiga em fazer moda. E aquela velha rivalidade de brincadeira continua entre um lado e outro da FUNESA. Se a gente na FFPA fala do pessoal da FAJEAL é só por que é a mais pura verdade.(rsrsrs) Nada!!! A turma de lá é muito legal também ou então eu é que de intrometida me misturo em todos os grupos.
Quando tudo começou há alguns anos (agora perdi a conta, às vezes parece que sempre estive lá) eu estava oscilando entre encantada e assustada, tive uma noite horrível de primeiro dia de aula, não conhecia ninguém, e as “aulas” do meu first day terminaram cedo, fui sozinha pro centro da cidade, fiquei horas esperando o ônibus que me levaria de volta pra casa, num frio horrível do mês de Julho e ainda acostumada a dormir cedo. Sono, frio e solidão. Realmente foi meio traumática aquela noite, deu tempo de escrever poesia sentada naqueles banquinhos antigos que existiam no calçadão (vocês lembram? Eram de madeira com a base de ferro, pintados com tinta óleo branca. Sou desse tempo.) Tanta coisa mudou de lá pra cá.
Naquele ano assistimos dezesseis capítulos de Presença de Anita – Ne me quitte pas/ il faut oublier/ Tout peut s’oublier/ qui s’enfuit dejá/ oublier le temps/ Des malentendus/ Et le temps perdu/ A savoir comment/ oublier ces heures/ a coups de pourquoi/ Ne me quitte pás/ Ne me quitte pas/ Ne me quitte pas/ Ne me quitte pas.- e só se falava nisso, hoje só se fala em quem foi indicado pro paredão da semana. Eu pelo menos, vejo nisso algo negativo (desculpem-me os fãs do BBB).
Quando cheguei na faculdade não havia o espaço que hoje conhecemos como restaurante do Alemão, era mais uma cantinazinha escondida numas plantas. O estacionamento era muito menor, haviam mais árvores e lugares inexplorados eu acho, pra não dizer esquisitos. Menos salas, o espaço onde funciona o curso de Ciências Contábeis não existia, aquela praça em forma de círculo na FAJEAL também não.
Certas coisas nunca mudam, a Taquarana continua sendo a Taquarana, quem está lá sabe do que estou falando (Química, segundo ano, por exemplo). O corredor de Letras continua o mesmo, com suas salas apertadas, barulhentas e quentes. O professor Antônio (Malvadeza) continua aterrorizando os pobres estudantes de Geografia e História. Ronaldo Leão os de Letras, Neosvaldo os de Matemática. A Eleuza continua a ensinar Metodologia cientifica a toda a FFPA. O DCE continua sendo uma interrogação na cabeça da maioria dos acadêmicos. E o bar da esquina, com suas mesas amarelas continua firme, ganhando clientes que não cabem mais no da outra esquina, com as cadeiras vermelhas, mudou o nome e o dono mais sempre foi assim.
Hoje existe aula inaugural (depois da primeira aula, é verdade, mais ainda sim, aula inaugural), hoje todo mundo já vem com jeito de entrosado (to me sentindo a maior das matutas e pior, to me sentindo velha) hoje parece que a faculdade tá fervendo, vi muita animação nos últimos dias, fui ao trote pela primeira vez (não fui nem ao meu) e encontrei lá desde o primeiro amigo que fiz na FUNESA (Elielson) até os últimos (o pessoal que foi a praia no carnaval) e parece que a turma só aumenta, com a chegada dos feras vieram irmão, prima, colegas de outros tempos, mais amigos...
Comecei a ver a vida de forma diferente depois que entrei na faculdade, vivi dias incríveis, momentos hilários, horas tristes, conheci pessoas incomparáveis, senti paixões que vieram e se foram. Talvez um dia eu termine meu curso, nem sei ainda, ou talvez eu nunca deixe de ter comigo um pouco de estudante, talvez eu vá e volte, nunca se sabe...

“ O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que elas acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.” – Fernando Pessoa

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